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Em Português Correcto

Blog interactivo onde se pretende dar resposta a questões sobre o português falado e/ ou escrito

Verbos derivados de pôr

Ao contrário do que acontece com o verbo “pôr”, que leva acento circunflexo para se distinguir da preposição “por”, todos os verbos que são formados a partir dele não têm acento: antepor, dispor, entrepor, interpor, justapor, pospor, prepor, propor, repor, sobpor, sobrepor, sotopor, subpor, superpor.

"Ter de" ou "ter que"?

É sobre estas duas expressões, que são com frequência utilizadas de forma incorrecta, que vamos hoje reflectir.
Qual será a forma correcta?
 
a)      Tenho que me ir embora.
b)      Tenho de me ir embora.
 
Escolheu “tenho que”? Pois é, realmente ouve-se tantas vezes este erro que até o tomamos como certo. Mas a frase correcta, neste caso, é a da alínea b). Vejamos porquê:
 
  • Ter que usa-se no sentido de “ter algo para”. Usamos esta expressão quando antes do “que” podemos subentender as palavras “algo”, “coisa” ou “coisas.
  • Ter de serve para exprimir “dever”, “obrigação”, “desejo” ou “necessidade” em relação a alguma coisa. Assim, tomando o exemplo inicial, “tenho de me ir embora” significa que se tem necessidade ou se é obrigado a ir embora.
 
Vejamos mais alguns exemplos:
 
  • Tenho de estudar. = sou obrigado/ tenho necessidade de estudar
Tenho que estudar. = tenho muitas coisas para estudar
 
  • Tenho que comer. = tenho alimentos para comer.
Tenho de comer. = tenho necessidade, ou devo comer.
 
 

Mais mal ou pior?

Ele estava mais mal preparado para o exame do que eu.

 

Esta frase está correcta? A resposta é afirmativa.

“Mais mal” e “pior” são formas do grau comparativo de superioridade do adjectivo “mau”. “Mais mal” utiliza-se quando o adjectivo que está a modificar é formado a partir de um particípio passado, enquanto que “pior” se utiliza em todos os outros casos. Exemplos:

 

Ele estava pior do que eu.

O texto dele estava mais mal escrito do que o meu.

À vontade ou à-vontade?

Ela mostra um grande à-vontade ao falar em público.
 
Neste caso o substantivo “à-vontade” foi corretamente utilizado. Usamo-lo como sinónimo de desinibição, descontração, naturalidade.
Não o devemos confundir com a expressão “à vontade” que significa descontraidamente, sem constrangimento.

Exemplo:
Ele sente-se à vontade em casa dos tios.
Podes falar comigo à vontade.

À parte ou aparte?

O patrão chamou-o para uma conversa aparte.
 
Neste caso, a palavra “aparte” foi incorrectamente utilizada. “Aparte” é um substantivo/nome masculino que designa um comentário, uma interrupção ou observação. Exemplo:
 
Os apartes dele são sempre muito inconvenientes.
 
Também pode referir-se, em teatro, a uma fala de um actor em que ele simula estar a falar para si próprio.
 
Já a locução “à parte” pode ser sinónima de:
 
  • Em particular – O patrão chamou-o para uma conversa à parte.
  • Excepto – A viagem correu bem, à parte um pequeno problema com as malas.

Verbos em "ear" e "iar"

Também os verbos terminados em –ear e –iar suscitam algumas dúvidas aquando da sua conjugação.
Mas também aqui é simples fazer a distinção, se seguirmos a seguinte regra:
 
- Se a palavra de que o verbo deriva não tem i no tema, o verbo escreve-se com “e”:
 
Guerra – guerrear
Falso – falsear
Nome – nomear
 
- Se a palavra de que deriva o verbo tem “i”, mantém-se esta letra:
 
Cópia – copiar
Alívio – aliviar
 
Mas, atenção!
 
- Em geral, os verbos que derivam de palavras terminadas em –eio ou –eia, escrevem-se com –ear.
 
Exemplos:
Passeio – passear
Aldeia – aldear
vamos agora observar algumas dificuldades na conjugação destes verbos que também geram algumas confusões.
Assim, é preciso ter cuidado com alguns verbos terminados em –iar que, por contaminação, se conjugam como os verbos que terminam em –ear.

 
Conjugação verbos em –ear
 
Passear
 
Eu passeio
Tu passeias
Ele passeia
Nós passeamos
Vós passeais
Eles passeiam

 
Conjugação típica dos verbos em –iar
 
Copiar
 
Eu copio
Tu copias
Ele copia
Nós copiamos
Vós copiais
Eles copiam

 
Excepções:
 
Ansiar = Eu anseio, tu anseias, ele anseia, nós ansiamos, vós ansiais, eles anseiam.
Incendiar = Eu incêndio, tu incendias, ele incendia, nós incendiamos, vós incendiais, eles incendeiam
Mediar = Eu medeio, tu medeias, ele medeia, nós mediamos, vós mediais, eles medeiam
Odiar = Eu odeio, tu odeias, ele odeia, nós odiamos, vós odiais, eles odeiam
Premiar = Eu premeio, tu premeias, ele premeia, nós premiamos, vós premiais, eles premeiam
Remediar = Eu remedeio, tu remedeias, ele remedeia, nós remediamos, vós remediais, eles remedeiam
 
Há ainda alguns verbos terminados em –iar que se podem conjugar das duas formas. Exemplo:
 
Negociar

 
Eu negocio
Tu negocias
Ele negocia
Nós negociamos
Vós negociais
Eles negociam

 
Eu negoceio
Tu negoceias
Ele negoceia
Nós negociamos
Vós negociais
Eles negoceiam

 
Outros verbos: cadenciar, licenciar, comerciar, sentenciar, diligenciar.
 
Há ainda que ter atenção aos verbos abreviar (breve) e alumiar (lume), que se escrevem com “i” devido a se terem formado a partir do latim.
(abreviare > abreviar; adluminare > alumiar)

Eu quiz e outras confusões verbais com “s” e “z”.

Por vezes encontramos erros do tipo:
 
- eu quiz
- eu puz
 
Estas falhas resultam de uma confusão relacionada com o facto de a letra “z” surgir noutros verbos e, por associação, pensa-se que se deve usar um “z” quando se deveria usar um “s”.
Contudo é muito simples evitar este erro, porque só os verbos que têm “z” no infinitivo, mantêm-no nas formas verbais. Assim, dizer e fazer têm “z” sempre que a forma verbal contenha esse som, mas pôr e querer, não têm “z”. Exemplifiquemos:

 
Fazer
Pretérito Perfeito Indicativo
 
Eu fiz
Tu fizeste
Ele fez
Nós fizemos
Vós fizestes
Eles fizeram

 
Querer
Pretérito Perfeito Indicativo
 
Eu quis
Tu quiseste
Ele quis
Nós quisemos
Vós quisestes
Eles quiseram

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