Escolheu “tenho que”? Pois é, realmente ouve-se tantas vezes este erro que até o tomamos como certo. Mas a frase correcta, neste caso, é a da alínea b). Vejamos porquê:
Ter que usa-se no sentido de “ter algo para”. Usamos esta expressão quando antes do “que” podemos subentender as palavras “algo”, “coisa” ou “coisas.
Ter de serve para exprimir “dever”, “obrigação”, “desejo” ou “necessidade” em relação a alguma coisa. Assim, tomando o exemplo inicial, “tenho de me ir embora” significa que se tem necessidade ou se é obrigado a ir embora.
Vejamos mais alguns exemplos:
Tenho de estudar. = sou obrigado/ tenho necessidade de estudar
Tenho que estudar. = tenho muitas coisas para estudar
Tenho que comer. = tenho alimentos para comer.
Tenho de comer. = tenho necessidade, ou devo comer.
Quando a palavra é formada por dois nomes com o mesmo estatuto e idêntica contribuição para o significado da palavra, ambos os elementos vão para o plural. Por isso, dizemos:
o decreto-lei - os decretos-leis
(= o diploma é simultaneamente decreto, porque foi elaborado pelo Governo e uma lei)
Caso a palavra seja formada por um nome e outro com valor de determinante específico desse nome, especificando-o, limitando-o ou referindo a sua função só o primeiro elemento vai para o plural.
Exemplos:
Navio-escola - Navios-escola
(navio que serve de escola)
Homem-rã - Homens-rã
(homem que age como rã, não se trata de uma verdadeira rã)
2 – Qual o plural de pé-direito
A este termo usado para indicar a altura do pavimento ao tecto, formado por um nome e um adjectivo, aplica-se a regra do exemplo anterior, ou seja, ambos os elementos vão para o plural.
Em que situações devemos colocar o pronome antes do verbo?
Vejamos alguns exemplos de colocação errada do pronome:
a) Ele não disse-me nada.
b) Quem disse-te isso?
c) Que tudo corra-te bem!
d) Quando ontem deitei-me, ouvi barulho na rua.
e) Ambos sentiam-se felizes.
Segundo a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, entre outras situações, devemos colocar o pronome antes do verbo quando:
a) nas orações há uma palavra negativa (não, nunca, jamais, ninguém, nada, etc.) e entre ela e o verbo não há vírgula.
Assim, devemos dizer e escrever:
- Ele não me disse nada.
- Nunca me tinha apercebido disso.
- Ninguém me avisou.
b) nas orações iniciadas com pronomes e advérbios interrogativos.
- Quem te disse isso?
c) nas orações iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas orações que exprimem desejo.
- Que tudo te corra bem!
- Bons olhos o vejam!
d) Nas orações subordinadas desenvolvidas.
- Quando ontem me deitei, ouvi barulho na rua.
e) quando o sujeito da oração, anteposto ao verbo, contém o numeral ambos ou algum dos pronomes indefinidos (todo, tudo, alguém, outro, qualquer, etc.)
Segundo a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, quando se trate de locuções verbais formadas por um verbo auxiliar e um verbo principal no infinitivo ou gerúndio, podemos ligar o pronome átono ao verbo auxiliar ou ao verbo principal. Assim, as formas a) e b) estão correctas.
Já em relação à alínea c) esta não se pode considerar válida porque o infinitivo está flexionado (conjugado) e não devia estar porque o sujeito do verbo auxiliar (dever) é o mesmo e já está subentendido na terminação deste (devemos = nós) pelo que não há necessidade de o voltarmos a repetir.
Devemos dizer calçar as luvas. Esta escolha verbal está relacionada com o facto de usarmos o verbo calçar quando queremos dizer que “vestimos” os membros inferiores. Como as mãos também são membros, embora superiores, por analogia empregamos o mesmo verbo. Assim, dizemos:
Ao contrário do que se costuma ouvir e ler, a forma correcta do verbo entreter é “entretinha”. Este verbo é formado a partir do verbo “ter” e, por isso, segue a sua conjugação. Assim:
Onde = lugar em que/ em que (lugar). Indica permanência, o lugar em que se está ou em que se passa alguma coisa. Complementa verbos que exprimem estado ou permanência e que normalmente pedem a preposição em:
Onde estás? – Em casa.
Onde mora a Maria?
Não entendo onde ele estava com a cabeça quando falou nisso.
Não sei onde me apresentar nem a quem me dirigir.
Aonde = a que lugar. É a combinação da preposição a + onde. Indica movimento para algum lugar. Dá ideia de aproximação. É usado com os verbos ir, chegar, retornar e outros que pedem a preposição a. Exemplos:
Sabes aonde eles foram? – Ao cinema.
A mulher do século 21 sabe muito bem aonde quer chegar.
A língua portuguesa, como qualquer língua viva, está sempre a evoluir. Enquanto algumas palavras vão caindo em desuso e desaparecem, muitas outras surgem. E este nascimento de novas palavras, muitas vezes formadas a partir de outras, causa-nos dúvidas na escrita.
A colocação ou não de hífen é um dos problemas que nos surgem com frequência. Esta dificuldade pode ser atenuada se conhecermos algumas regras.
1.Auto-estrada ou autoestrada? Infra-estrutura ou infraestrutura?
O prefixo auto exige hífen quando o segundo elemento é independente (uma palavra com significado próprio) e começa por uma vogal, h, r ou s. Assim, escrevemos auto-estrada, mas escrevemos autobiografia. A mesma regra aplica-se a outras palavras formadas com os elementos gregos: “contra”, “extra”, “hetero”, “infra”, “neo”, “proto”, “pseudo”, “supra” e “ultra”. Por isso, enquanto o Acordo Ortográfico de 1990 não entrar em vigor, devemos escrever:
Hetero-avaliação
Neo-republicano
Infra-estrutura
Supra-renal
Mas:
Neologismo
Pseudónimo
Supranumerário
2. Mal-criado ou malcriado?
O prefixo “mal”só se separa se o segundo elemento começar por vogal ou h.
Portanto, escreve-se malcriado, mas mal-educado.
A mesma regra aplica-se com o prefixo “pan”, como por exemplo em pan-helénico.
3. Superhomem ou super-homem?
Com “hiper”, “inter” e “super” aplica-se hífen antes de h ou r como em super-homem, inter-regional ou hiper-ridículo.
4. Sub-urbano ou suburbano?
Palavras formadas com “sob” ou “sub” têm hífen antes de b, h ou r. Daí que se escreva suburbano, mas sub-reino e sob-roda.
A expressão “penso eu de que” proferida pelo Bimbo da Costa, um dos bonecos do Contra-Informação”, serviu para caricaturar uma tendência para o uso errado da expressão “de que”. O verbo pensar não exige a preposição “de”, porque não pensamos “de alguma coisa”, pensamos em alguma coisa, logo, “pensamos que”.
Já outros verbos, em determinados contextos, requerem o uso da preposição de. Vejam-se alguns exemplos:
a) Ele informou-o de que iria chegar tarde.
b) Ele informou que iria chegar tarde.
Quando o complemento indirecto (a pessoa a quem damos a informação) se encontra expresso, o verbo deve vir seguido da preposição “de”. Assim, quando se informa alguém acerca de alguma coisa = informar de que. Quando não se indica a pessoa a quem se destina a informação, não se utiliza a preposição “de”, conforme se verifica em b).
c) Ele certificou-se de que tudo estava preparado para a reunião.
d) Ele certificou que ele tinha estado presente na reunião.
Quem se certifica, certifica-se de alguma coisa. Por isso com a forma reflexa do verbo certificar, devemos utilizar a preposição de. Já quando se usa o verbo certificar, com o sentido passar uma certidão ou de atestar, não é necessária a preposição.
Assim, a expressão “de que” aplica-se quando podemos aplicar ao verbo a expressão “de alguma coisa”, como em:
• Ele assegurou-se de que estava tudo bem fechado.
• Ele convenceu-se de que tinha razão.
• Ele apercebeu-se de que estava enganado.
• Ele lembrou-se de que tinha deixado o forno ligado.
Não se deve usar a preposição “de” com os verbos: afirmar, anunciar, comunicar, confessar, declarar, dizer, expor, manifestar, noticiar, ordenar, pretextar, proferir, publicitar, saber.
Portanto:
- Ele declarou que ia embora. -Ele declarou de que ia embora.
- Ele informou o pai de que ia embora. - Ele informou o pai que ia embora.